quarta-feira, agosto 08, 2007

SUDOESTE 2007



De todos os concertos da noite de domingo sei que dificilmente esquecerei o dos The National. Desde então que trago Fake Empire a martelar-me na cabeça:
*
Stay out super late tonight picking apples, making pies
put a little something in our lemonade and take it with us
we’re half-awake in a fake empire
we´re half-awake in a fake empire

(há muito que não gostava tanto de um álbum como gosto deste Boxer).

quarta-feira, julho 25, 2007

"Evocações, Passagens, Atmosferas" na Gulbenkian

Abel Manta (1888 - 1992)

Fausto Zonaro (1854-1929)

São 38 pinturas do Museu Sakιp Sabancι de Istambul, numa exposição que homenageia Calouste Sarkis Gulbenkian, que nasceu em 1869 na actual Üsküdar (margem oriental do Bósforo) e morreu em Lisboa em 1955.
Gostei de todos os quadros do Fausto Zonaro (foi a revelação) e também das paisagens marítimas do Ivan Konstantinoviç Ayvazovski.
Esta pequena exposição inclui ainda 10 obras de pintores portugueses que têm em comum com os seus contemporâneos turcos expostos, o facto de também eles terem passado por Paris nesta época. Aqui (nos portugueses expostos), destaco a "Praça Camões" do Abel Manta (1964).

segunda-feira, julho 09, 2007

Super Bock, Super Rock

Apesar de não ter bebido uma única cerveja, dias houve em que nem jantei, foi só chegar a casa, trocar de roupa e rumar até ao Parque Tejo, foi à mesma uma semana em grande que para mim começou terça com The Magic Numbers (estudei muito ao som destas canções, foi por isso um espanto ouvi-los ao vivo e engraçado descobrir que visualmente estão completamente fora de moda: gordinhos e mal vestidos, os cabelos a precisarem de umas tesouradas, acho que o look é propositado, o que é pena), Bloc Party (com o vocalista mais carismático do festival-segundo a minha votação) e Arcade Fire (sem dúvida um dos melhores concertos, 10 músicos em palco, dez! e o público a entoar o recurso sonono mais recorrente deste grupo: oooooooooooh ); quarta não fui mas ouvi dizer que The Jesus an Mary Chain foram uma desilusão (foram lá cumprir) e que LCD SOUNDSYSTEM foi outro dos grandes concertos (uma pena ter sido vencida pelos afazeres profissionais, devia ter ido); quinta foi a última noite e não cheguei a tempo de ouvir The Gossip (o Pedro diz que perdi um bom espectáculo, a vocalista, gorda e cuspideira era coisa digna de se ver, no bom sentido, que ele, o Pedro, ficou maravilhado), cheguei a tempo de ouvir Scissor Sisters (lascivos e loucos) e depois foi dançar até mais não poder com Underworld (uma libertação). À saída distribuíram umas garrafas de água daquelas com sabor, que em circustâncias normais me saberiam a detergente mas ali (estava cheia de sede) foram como água fresca no deserto.
Sexta ainda arranjámos forças para ir ver Rodrigo Leão & Cinema Ensemble à Torre de Belém. Estava uma multidão de gente mas ninguém fazia barulho. Só eu e o Pedro é que íamos com o ritmo do festival e lá soltávamos uns Uuuuuh! e umas palmas batidas bem acima da cabeça (nomeadamente quando apareceu a Beth Gibbons e sobretudo, o Pedro Oliveira que só cantou-infelizmente- uma canção Sete Mares).
Como ouvi alguém dizer (muitas vezes e aos uivos, durante o Super Rock): "eu adooooro festivais!"

terça-feira, maio 29, 2007

Floriram os Jacarandás

Chega esta altura do ano e Lisboa fica diferente, cheia de sininhos côr-de-lilás. São os jacarandás em flor.
Tal como algumas mulheres, geralmente discretas, que uma noite decidem arranjar-se um bocadinho e parece que sairam da casca, assim os jacarandás: a verdade é que estiveram lá o ano inteiro mas só agora se fazem realmente notar. E parece que já nada será como dantes.
Os jacarandás estão um pouco por toda a cidade mas há zonas que impressionam como a Rua D. Carlos I, Salitre ou Belém. Apesar de ser esta a altura em que florescem com maior intensidade, a verdade é que também já os vi com flores no Inverno (devem andar baralhados com a troca de hemisfério).

segunda-feira, maio 28, 2007

77ª Feira do Livro de Lisboa

As noites têm estado molhadas, os livros nas bancadas cobertos por plásticos.
Mas há pechinchas, algumas até já as trouxe para casa.

Bermas de Estrada (entre Santo André e Lisboa)


domingo, maio 20, 2007

Climas

P.S. Krøyer, Summer Day at the South Beach of Skagen (1884)
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Há dias em que me sinto como a menina do quadro do P.S. Kroyer (pintor dinamarquês).
Um fim-de-semana lindo (bem, começou agora a chover em Lisboa, mas pouco) e eu sem poder ir à água.

sábado, maio 19, 2007

Cineclube de Faro

À Flor do Mar (João César Monteiro)
*
Do tempo que vivi no Algarve (cerca de 5 anos) lembro-me, entre muitas outras coisas, dessa vez em que caminhámos ao longo da Ria Formosa, entre Cacela-Velha e Tavira. Demorou-nos uma tarde inteira e ainda tivemos de entrar pela noite morna adentro. Sinceramente, já nem me recordo como conseguimos regressar a Faro, provavelmente de comboio. Os regressos pouco importavam nessa altura e eram frequentes as noites passadas ao relento nos apeadeiros, à espera dos comboios da manhã.
Pouco tempo depois, vi no Cineclube de Faro o À Flor do Mar do João César Monteiro, filme rodado numa casa à beira-mar perto de Cacela, uma casa que juro (acho que não sonhei) ter visto nessa viagem. Os filmes com mar lá dentro (vistos nessa época) ficaram-me mais na memória, associados às nossas vivências de sol, maresias e noites mornas. Guardo com carinho todos os filmes que vi nessa sala do IPJ em Faro, através do CCF (Cineclube de Faro) pois foi nessa sala que aprendi a gostar de cinema.
Acontece que o CCF está hoje mais dinâmico que nunca, reinventando-se a cada passo. Ontem, a propósito do encerramento das comemorações do seu 50º aniversário (com direito a Bernardo Sassetti em concerto e tudo), abriu-se ao mundo o Blogue do CCF. Vou certamente passar por lá muitas vezes, entretendo esta vontade de rumar ao sul, que frequentemente me conquista.

quinta-feira, maio 17, 2007

Vilhelm Hammershoi (1864-1916)



Há uns tempos, quando visitei Copenhaga, descobri este pintor dinamarquês, V. Hammershoi. Há dias em que me faz bem ir à procura dos postais que trouxe na altura da DEN HIRSCHPRUNGSKE SAMLING e ficar um bocadinho a olhá-los. Há nos seus quadros qualquer coisa de Vermeer, qualquer coisa de Peter de Hooch, qualquer coisa de Edward Hopper, interiores de silêncio, luz difusa e sombras que tranquilizam.

No outro dia, alguém dizia na televisão que o seu lema de vida é "fazer novos erros todos os dias".
Pareceu-me demasiado ambicioso.

domingo, maio 06, 2007

Band à part (1964), Jean-Luc Godard


Odile, a rapariga deste filme, encarna esse tempo nas nossas vidas em que temos pressa de descobrir e de sentir, numa voragem acelerada que a (nos) transporta desde a inocência de nunca ter beijado um rapaz ao desgosto e cansaço que o crescimento sempre requer.

sábado, maio 05, 2007

Os da minha rua (2007), Ondjaki

"A vida às vezes é como um jogo brincando na rua: estamos no último minuto de uma brincadeira bem quente e não sabemos que a qualquer momento pode chegar um familiar a avisar que a brincadeira já acabou e está na hora de jantar. A vida afinal acontece muito de repente".
"Naquele tempo então o tempo passava devagar."

domingo, abril 29, 2007

Indie Lisboa 2007

Termina hoje o Indie Lisboa 2007.
Tocou-me especialmente este filme holandês "Forever" de Heddy Honigmann (2006). Se o filme se resumisse a uma incursão até ao cemitério Père-Lachaise em Paris, às conversas com as pessoas que por ali andam, diária ou ocasionalmente, já seria interessante pela riqueza dos motivos que levam cada pessoa até àquele cemitério ou pelas imagens de um cemitério fotogénico. Mas o filme vai mais longe: mostra-nos a vitalidade da arte a partir da evocação emocional dos túmulos de artistas sepultados. Ficamos com vontade ler Proust ou Oscar Wilde, de admirar os quadros de Ingres ou Modigliani, de ouvir Maria Callas, Chopin, de ver filmes com Yves Montand e Simone Signoret, de visitar novamente este cemitério. Mesmo que as evidências o mostrem (um túmulo no Père-Lachaise é uma evidência), a morte não existe para quem algum dia criou uma obra de arte capaz de emocionar os vivos. E o limite é "para sempre".

käthe kollwitz (Alemanha, Abril, 2007)

Käthe Kollwitz é considerada uma das grandes artistas alemãs. Acredito que boa parte deste entusiasmo se deva aos temas que aborda, obras muito marcadas pelos efeitos da guerra, da relação entre as mães e os seus filhos (Käthe perdeu dois filhos na guerra). Gosto sobretudo das suas esculturas, em especial uma: "mutter mit zwei kindern".

Colónia, Alemanha (Abril, 2007)

As cidades são sempre mais bonitas, vistas da outra margem. Dessa outra margem percebe-se o que dá recorte à paisagem de Colónia: a Catedral , a igreja St. Martin e o rio Reno.

Catedral de Colónia (Kölner Dom)
Levou 600 anos a ficar concluída, a construção iniciou-se no séc XIII e em 1880, quando ficou terminada, era o prédio mais alto do mundo. Segundo a lenda, é no seu interior que estão sepultados os restos mortais dos Reis Magos.

O passeio do Reno
(numa tarde soalheira de domingo, é um prazer ficar por ali, a ler sobre a cidade e a olhar o rio).

Vista de uma das torres da catedral (em baixo, o Museu Ludwig, do outro lado, o Köln Triangle)

Uma das praças mais bonitas de Colónia, a Fischmarkt.




Uma das principais ruas de lojas: a Schildergasse.

Vista do outro lado do rio Reno, do alto do moderno edifício Köln Triangle Panorama.


Fischmarkt

Um David muito pós-moderno, em frente ao Museu Ludwig, perto da Catedral.

quarta-feira, abril 25, 2007

25 de Abril 1974


Para além do principal, o impacto histórico, a Revolução de Abril teve ainda as canções "E Depois do Adeus", "Grândola Vila Morena", os cravos na ponta das espingardas, a população emocionada nas ruas, militares em cima de chaimites Lisboa adentro (o pormenor delicioso de respeitarem os semáforos), coisas que à distância, adquirem uma ressonância mítica. Por tudo o que aconteceu nesse dia, a Revolução dos Cravos tem contornos quase literários, poderia perfeitamente ser ficção. Mas não, aconteceu mesmo e nem consigo imaginar o que seria viver sem liberdade.
Nunca estive (cronologicamente falando) tão perto de 1974 como no momento em que nasci mas quando se é criança até uma hora parece uma eternidade. Foi preciso crescer para sentir (cada vez mais) o 25 de Abril como um acontecimento próximo, quase tão marcante na minha ideia de nação como a língua que falo.
(o que será feito do menino do cartaz?)

terça-feira, abril 24, 2007

Universidade Umbold (Berlim, Abril/2007)


Max Liebermann

Max Liebermann, "Die Rasenbleiche", Wallraf-Richartz-Museum, Colónia (Alemanha)

Max Libermann foi uma das grandes descobertas desta viagem. Estará certamente entre os melhores pintores alemães, tendo sido também, enquanto homem, uma figura muito interessante e obstinada, capaz até de enfrentar o próprio kaiser. A partir de 1920 tornou-se presidente da Academia de Belas-Artes, lugar que perderia em 1933 devido à sua origem judaica. Morreu dois anos mais tarde, sozinho (a mulher suicidou-se para escapar aos campos de concentração).

segunda-feira, abril 23, 2007

Martin-Gropius-Bau (Berlim, Abril/2007)

Gerard Rondeau, "Out of Frame"

Brassai, "Statue du maréchal Ney dans le brouillard", 1932
Todos os dias passávamos à frente deste edificio (era a caminho do hotel), o Martin-Gropius-Bau e olhávamos para os cartazes anunciando a exposição do fotógrafo francês Brassai. Desde o primeiro dia ficou decidido que lhe faríamos uma visita. Assim foi e não nos arrependemos. Fiquei a saber que Brassai, para além das fotos-postal de Paris a preto-e-branco, também fez esculturas, pequenas e muito polidas, quase primitivas, algumas representando mulheres mediterrânicas, de ancas largas.
Também havia outro fotógrafo francês em exposição (este mais contemporâneo), Gerard Rondeau, tinha sobretudo fotografias de personalidades e ainda outras, muito interessantes, tiradas dentro de museus, mostrando quadros a serem tranportados, esculturas ainda envoltas nos plásticos protectores, descontextualizando as obras de arte da sua formalidade habitual, dando-lhes, nalguns casos, um carácter insólito.

sábado, abril 21, 2007

Caspar David Friedrich (Berlim, Abril/2007)

Mulher à Janela (Alte Nationalgalerie, Berlim)
Este é talvez o quadro do Friedrich que mais gosto e um bom exemplo de pintura romântica alemã. Uma mulher de costas (distanciada dos outros, só), à janela (dá sempre aquele efeito de distância/proximidade com o desconhecido), procurando na natureza expressão para as suas emoções mais pessoais.

Reinhold Begas (Berlim, Abril/2007)


Aqui está mais uma escultura do Reinhold Begas (está na Alte Nationalgalerie). Representa Psique a ser consolada por Pã. Ao vivo é bem mais impressionante, sente-se verdadeiramente o contrastre entre as duas figuras: homem/mulher, fragilidade/dureza, juventude/maturidade.
Parece que conseguimos ouvir Pã dizer a Psique: "Então miúda, o Cupido não merece toda essa tristeza..."

Rathausvorplatz (Berlim, Abril/ 2007)

Fonte de Neptuno com a Rotes Rathaus (Câmara Municipal Vermelha), ao fundo.
Fonte de Neptuno com a Marienkirche ao fundo.
No centro desta praça ergue-se a Fonte de Neptuno, obra de um escultor que fiquei a conhecer (há esculturas dele na Alte Nationalgalerie): Reinhold Begas. A fonte é admirável pelo pormenor das figuras que rodeiam Neptuno, caranguejos, peixes e quatro deusas que representam os maiores rios da Alemanha.

Porta de Brandeburgo (Berlim/2007)



Qualquer visita a Berlim implica uma passagem pela Brandenburger Tor, encimada pela conhecida escultura Quadriga. Os brasileiros chamam-lhe Portão de Brandeburgo ... é de facto mais um portão do que uma simples porta.

As ruas das lojas (Berlim, Abril/ 2007)

No lado Ocidental, a rua de compras mais animada é a Kurfürstendamn, mais conhecida como Ku´damm. É lá que estão os armazéns Kadewe. Gostei de saber que esta larga avenida foi rasgada no sítio de um antigo caminho para a floresta de Grunewald (Floresta Verde).


Na longuíssima Friedrichstrasse ficam os Quartier 205, 206 e 207, um conjunto de galerias com lojas de luxo (na maioria), ligados por uma passagem subterrânea. Também é nesta rua que fica o Checkpoint Charlie, o único ponto de passagem (entre 1961 e 1990) para estrangeiros entre Berlim Leste e Berlim Ocidental. Agora estão lá uns militares americanos com os quais é possível posar para uma foto a um euro (pena que só descobri no final ...).

Gendarmenmarkt (Berlim,Abril/2007)


Esta é uma praça muito bonita, bem perto da movimentada rua Friedrichstrasse. De um lado, ergue-se a Catedral Francesa, do outro, a Catedral Alemã, ao centro, a Konzerthaus, um edifício neoclássico do mais famoso arquitecto berlinense dessa época: Karl F. Schinkel. E depois há esplanadas, gente a apanhar sol, árvores nas partes laterais e a estátua do poeta Schiller, muito branquinha no meio da praça.

Kulturforum (Berlim,Abril/2007)





O contraponto à Ilha dos Museus (parte Leste) no lado Ocidental, é o Kulturforum. Lá encontrámos a Philharmonie (sede de uma das mais célebres orquestras da Europa, a Filarmónica de Berlim), a Gemäldegalerie e a Neue Nationalgalerie. Neste espaço, vivem-se experiências sensoriais únicas. Lá encontrei quadros que me emocionaram e não esquecerei tão cedo a experiência que foi assistir a um concerto na Philharmonie.