
"O nosso passado é como a guerra: fácil de começar, difícil de terminar."
O sítio onde penduro as coisas que não quero esquecer

Fiquei com vontade de voltar a Paris e caminhar pelos seus bairros, depois de ver este Paris je t´aime. Trata-se de um filme colectivo, composto por uma sucessão de pequenas histórias, da autoria de diferentes realizadores. Em comum, têm o facto de promoverem Paris como uma cidade especial onde afectos de toda a casta acontecem, desde o amor maternal, ao amor paixão, ao amor à primeira vista, passando pelo amor surreal (entre dois mimos) até culminar no amor à própria cidade. A única pena é irmos perdendo o rasto às personagens pois as histórias são curtas e independentes entre si. Se nunca tivesse ido a Paris, até poderia julgar tratar-se de uma forma inteligente de promover a cidade e o seu turismo. Mas quando penso na única vez em que lá estive, as certezas de que este filme seja apenas ficção diminuem drasticamente.

"ama como a estrada começa"
Lembro-me da interrogação sobre o sentido deste verso, da primeira vez que o li. Como acontece com toda a poesia, acabei por lhe encontrar um sentido íntimo embora sempre tenha mantido a curiosidade em saber o que o autor (Cesariny) tinha em mente quando o escreveu. Recentemente, num documentário que passou na TV, pude finalmente ficar a saber porque o poeta respondeu assim à tão esperada pergunta: "Não sei o que este verso quer dizer... mas quer dizer."
Esta resposta não é apenas uma pista para entender o Surrealismo. É uma pista para entender a poesia.
The Ghost and Mrs. Muir de Joseph L. Mankiewicz (O Fantasma Apaixonado, na tradução portuguesa) é um dos filmes que passa neste ciclo de cinema na Gulbenkian. Sobre ele, escreveu Bénard da Costa:
Inserido nas comemorações dos 50 anos da Fundação Calouste Gulbenkian (1956-2006), o ciclo "Como o Cinema era Belo" apresenta-nos, em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, 50 filmes inesquecíveis, distribuídos por sábados e domingos até 18 de Fevereiro/2007.


Aqui estamos em pleno Douro vinhateiro. Espero muito voltar a fazer este percurso que tanto me impressionou: entre Sabrosa e o Pinhão e dali, junto ao rio, até Peso da Régua. O Orlando Ribeiro explicava a natureza do povo português de acordo com o espaço geográfico onde este se insere. Sempre achei esta hipótese pouco plausível mas ver aqueles socalcos fez-me compreender a tenacidade das gentes do Norte de uma maneira diferente. 

O metro de Londres faz-me lembrar a casa da toupeira de uns desenhos animados que via quando era criança e que adorava. Percorrê-los é entrar num universo de aventuras e brincadeiras, para o qual até uns ratitos que vi a passearem-se pelas linhas, dão a sua contribuição (felizmente não vi nenhuma ratazana, senão o caso mudava de figura).

Mercado em Brick Lane, uma espécie de Feira da Ladra lá do sítio onde é possível encontrar de tudo um pouco, desde televisões roubadas, antiguidades, roupas, frutas e até uma Convenção Anual de Tatuagem, à porta da qual serpenteava uma grande fila de gente unida pelo facto de todos esconderem (ou não) no mínimo uma tatuagem em alguma parte do seu corpo.

Fiquei a modos com o coração nas mãos por causa do patife deste miúdo (digamos que do outro lado das grades, é o rio). Londres às vezes parecia-me um palco enorme onde todos procuravam exibir as suas habilidades, nas ruas, no metro, há sempre alguém que se expõe de uma maneira que nos capta a atenção.