quarta-feira, março 28, 2007

O centro do meu mundo








Num dos seus romances ou crónicas, já não sei bem, António Lobo Antunes escreve que o centro do seu mundo é a cama antiga dos pais, na casa de Benfica. No JL de 17/Janeiro/07, esta ideia de centro do mundo que tanto me impressionou, volta a aparecer, numa Autobiografia de Francisco José Viegas: "O Pocinho é, ainda hoje, o centro do meu mundo, nesse retrato composto pelo rio, pelo vale rochoso e árido, pelo Vale Meão, pelas vinhas, pelo pequeno fio de choupos que acompanha as suas margens, pelas escarpas que sobem para Santo Amaro, para a Lousa (mais ao longe) e pelos amendoais abandonados que vão até Cedovim, onde também vivi."
Partilho com estes dois escritores esta necessidade referencial porque aquilo que sou, vive da memória de lugares. Não são lugares deslumbrantes mas também não são feios de todo. São lugares que visito amiúde porque são o centro do meu mundo (alguns estão nas foto acima).

sábado, março 24, 2007

"The Painted Veil" de John Curran


Todas as vidas têm um sentido.

domingo, março 11, 2007

"A Valquíria" de Wagner no S. Carlos


Graham Vick voltou a Lisboa para encenar a segunda parte da tetralogia "O Anel do Nibelungo" de Wagner. (em Maio encenou "O Ouro do Reno", agora foi a vez de "A Valquíria"). Mais uma vez, o S. Carlos foi transformado numa espécie de ovo, com o palco a ocupar o espaço da plateia e o público muito próximo do elenco.
O S. Carlos teve a excelente ideia de instalar um ecrã gigante na fachada onde transmitiu em directo o espectáculo, à borla. Grande parte do público desta assistência (onde me incluo) teve de ficar sentado no chão. Mas valeu a pena, as dores nas costas até ajudaram a trazer mais emoção à cena final, a cena em que o deus Wotan condena a sua filha favorita, a valquíra Brunhilde, por esta lhe ter desobedecido, a transformar-se numa simples mortal, adormecida para sempre num rochedo protegido por chamas. O que é revoltante é sabermos que Brunhilde desobedeceu a Wotan por amor : "seguiste feliz, o poder do amor; segue, pois agora, aquele a quem terás de amar."
E para não sairmos todos de lá a pensar que ver aquilo ali ou em DVD seria a mesma coisa, no final do espectáculo, todo o elenco (Graham Vick incluído) veio cumprimentar o público do largo de S. Carlos. A sensação foi como se finalmente o meu sonho de infância se tivesse concretizado: as personagens da televisão sairam todas cá para fora, no final do programa.

CCB - "Dido & Aeneas" de Henry Purcell


Foi no passado dia 07 de Março, no Grande Auditório do CCB que esta encenação "muito à frente" de Sasha Waltz subiu ao palco, conciliando canto, música e dança. Acrescentaria também (e sobretudo) pintura pois à medida que fui assistindo, ia pensando cada vez com mais certezas que esta ópera/dança não seria possível sem ter atrás de si, séculos de aprendizagem artística. Esta encenação deve muito à pintura, em especial à pintura barroca. Os movimentos eram sempre aquáticos (mesmo quando fora da piscina instalada no início do espectáculo) numa delicadeza de gestos muito própria da pintura.

CCB - Cândida Höfer

Em 2005, o CCB convidou a prestigiada fotógrafa alemã Candida Höfer a fotografar vários espaços interiores de monumentos, públicos e privados, em Portugal. Dessa visita, resultou esta exposição, ao todo são 83 fotografias inéditas, penduradas nas paredes do CCB como se fossem grandes janelas abertas para o interior dos espaços onde apenas sentíamos os vestígios de pessoas. No final, parecia que me tinha fartado de passear (o grande formato das fotografias ajuda à sensação de presença), encantada com sítios onde quero definitivamente voltar e outros onde nunca estive (como a Sociedade de Geografia) e que quero conhecer, logo que a oportunidade surja.