domingo, março 11, 2007

"A Valquíria" de Wagner no S. Carlos


Graham Vick voltou a Lisboa para encenar a segunda parte da tetralogia "O Anel do Nibelungo" de Wagner. (em Maio encenou "O Ouro do Reno", agora foi a vez de "A Valquíria"). Mais uma vez, o S. Carlos foi transformado numa espécie de ovo, com o palco a ocupar o espaço da plateia e o público muito próximo do elenco.
O S. Carlos teve a excelente ideia de instalar um ecrã gigante na fachada onde transmitiu em directo o espectáculo, à borla. Grande parte do público desta assistência (onde me incluo) teve de ficar sentado no chão. Mas valeu a pena, as dores nas costas até ajudaram a trazer mais emoção à cena final, a cena em que o deus Wotan condena a sua filha favorita, a valquíra Brunhilde, por esta lhe ter desobedecido, a transformar-se numa simples mortal, adormecida para sempre num rochedo protegido por chamas. O que é revoltante é sabermos que Brunhilde desobedeceu a Wotan por amor : "seguiste feliz, o poder do amor; segue, pois agora, aquele a quem terás de amar."
E para não sairmos todos de lá a pensar que ver aquilo ali ou em DVD seria a mesma coisa, no final do espectáculo, todo o elenco (Graham Vick incluído) veio cumprimentar o público do largo de S. Carlos. A sensação foi como se finalmente o meu sonho de infância se tivesse concretizado: as personagens da televisão sairam todas cá para fora, no final do programa.