quinta-feira, dezembro 14, 2006

Forty Guns de Samuel Fuller



"O nosso passado é como a guerra: fácil de começar, difícil de terminar."

Abraços Grátis



No fim-de-semana passado, houve quem, em plena Baixa lisboeta oferecesse "abraços grátis", contrastrando com toda aquela azáfama de gente às compras. Alguns transeuntes carregados de sacos franziam o sobrolho, com desconfiança. A minha irmã, pelo contrário, não se fez rogada e usufruiu da borla.

domingo, dezembro 03, 2006

Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan




Não creio que o país insultado neste filme seja o Cazaquistão. O país-alvo parece-me ser antes "U.S. and A."

Hilariante e corajoso.

Nome de Moliceiro # 6


Orgulho de Canpião

Nome de Moliceiro # 5



Já não te Endireitas

Nome de Moliceiro # 4


Carina Micaela

Nome de Moliceiro # 3


Paulo e João

Nome de Moliceiro # 2



O barco mais à esquerda é o Bolachinha

Nome de Moliceiro # 1


Pedro, o Pescador

sábado, dezembro 02, 2006


Ria de Aveiro, Novembro de 2006
Ao entardecer, a ria de Aveiro parece um quadro do Turner, até lá estão as pinceladas.

Dans Paris de Christophe Honoré


Ora aqui está mais um filme alusivo a Paris. Este, passa-se sobretudo em interiores mas o cunho parisiense está bem patente. Todos os estereótipos do cinema francês marcam presença: os desencontros amorosos, as personagens que fumam desalmadamente, têm ocasionalmente livros nas mãos ou nas prateleiras, não seguram a roupa no corpo muito tempo, têm problemas emocionais (depressões e afins) e gostam de se enfiar em camas. Um verdadeiro "filme de género".

quarta-feira, novembro 29, 2006

Paris je t´aime

Fiquei com vontade de voltar a Paris e caminhar pelos seus bairros, depois de ver este Paris je t´aime. Trata-se de um filme colectivo, composto por uma sucessão de pequenas histórias, da autoria de diferentes realizadores. Em comum, têm o facto de promoverem Paris como uma cidade especial onde afectos de toda a casta acontecem, desde o amor maternal, ao amor paixão, ao amor à primeira vista, passando pelo amor surreal (entre dois mimos) até culminar no amor à própria cidade. A única pena é irmos perdendo o rasto às personagens pois as histórias são curtas e independentes entre si. Se nunca tivesse ido a Paris, até poderia julgar tratar-se de uma forma inteligente de promover a cidade e o seu turismo. Mas quando penso na única vez em que lá estive, as certezas de que este filme seja apenas ficção diminuem drasticamente.

Declaração: sou a favor das casas coloridas.





Casas na Costa Nova (perto de Ílhavo), Aveiro e em Ovar.

Mário Cesariny



"ama como a estrada começa"

Lembro-me da interrogação sobre o sentido deste verso, da primeira vez que o li. Como acontece com toda a poesia, acabei por lhe encontrar um sentido íntimo embora sempre tenha mantido a curiosidade em saber o que o autor (Cesariny) tinha em mente quando o escreveu. Recentemente, num documentário que passou na TV, pude finalmente ficar a saber porque o poeta respondeu assim à tão esperada pergunta: "Não sei o que este verso quer dizer... mas quer dizer."

Esta resposta não é apenas uma pista para entender o Surrealismo. É uma pista para entender a poesia.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Mário Cesariny de Vasconcelos (Agosto de 1923 - Novembro de 2006)


"queria de ti um país de bondade e de bruma
queria de ti o mar de uma rosa de espuma."

Para ouvir (a voz de Cesariny n´Os Poetas):

domingo, novembro 19, 2006

Lisboa, esta tarde

Em cima: vista do café Noobai (Miradouro de Santa Catarina);
Em baixo: morador no Bairro de Santa Catarina, à janela.

Como o Cinema era Belo

The Ghost and Mrs. Muir de Joseph L. Mankiewicz (O Fantasma Apaixonado, na tradução portuguesa) é um dos filmes que passa neste ciclo de cinema na Gulbenkian. Sobre ele, escreveu Bénard da Costa:
"Não há filme mais triste. Não há filme mais bonito. Deixem-me ficar ao pé da mulher que nasceu tarde de mais para atravessar os sete mares e para ver o sol da meia-noite. Deixem-me ficar ao pé do capitão que morreu cedo de mais para a poder beijar ou para poder deitar-se com ela. Ou deixem-me acreditar que não há cedo nem tarde e que o único amor que existe- é o amor surreal, esse que Rex Harrison e Gene Tierney encontram no final, quando desaparecem na névoa, atravessada a última porta."
É certo que uma obra de arte vale por si, não necessita de metalinguagens para nada. Mas Bénard da Costa consegue sempre acrescentar qualquer coisa, algo que vem consolidar o nosso amor por determinado filme. Há uma afectividade contida, emocionada, nas críticas que faz aos filmes que nos dá a conhecer. Bénard da Costa fala de alguns filmes usando do mesmo tipo de ternura que eu usaria para falar do gato Pirolito que me morreu na infância ou da nespereira que o meu pai plantou em criança. Os filmes são marcos na sua vida: "(...) fui buscar a mais bela, esse The Ghost and Mrs. Muir de Joseph L. Mankiewicz, que me persegue desde que o vi, ainda não tinha 13 anos, até que o revi, nesta mesma Gulbenkian, ainda não tinha 45 anos e nunca mais pensei que nestes últimos 25 anos o fosse rever tanto e tanto até quase o saber de cór." Talvez não seja abusivo dizer que os filmes são a sua vida.

Como o Cinema era Belo

Inserido nas comemorações dos 50 anos da Fundação Calouste Gulbenkian (1956-2006), o ciclo "Como o Cinema era Belo" apresenta-nos, em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, 50 filmes inesquecíveis, distribuídos por sábados e domingos até 18 de Fevereiro/2007.
Avizinham-se fins-de-semana bem passados, é o que é.

terça-feira, novembro 14, 2006

Rumo ao Sul: Miróbriga


D. Clarisse contou-me, enquanto segurava nestas bolotas, que em rapariga, costumava ir à feira de Santo André comprar alcomonias, figos passados, rebuçados de pinhão ... e colares de bolotas.

Rumo ao Sul: Miróbriga, Alentejo


Pensar que no séc. V-IV a.C. já por aqui andavam povos, pisando estas pedras...
No outro dia, num programa na televisão, Carlos Ascenso André (tradutor da Arte de Amar de Ovídeo) reiterava aquilo que sempre tenho ouvido dizer: está tudo nos clássicos, a partir daí, a humanidade tem-se limitado a transformar o que já foi inventado. E isto aplica-se a todas as realidades, sejam elas técnica narrativa, arte da sedução (como nos ensina Ovídeo) ou organização do espaço urbano, como no caso de Miróbriga e de outras cidades romanas.
Neste capítulo do urbanismo, temo até em afirmar que as reinvenções posteriores, em muitos casos, só degeneraram.

domingo, novembro 12, 2006

Rumo ao Norte: Vidago


Talvez até fique no mesmo quarto ...

Rumo ao Norte: Vidago


Daqui por dois anos volto lá, irei à procura destes caminhos, tentarei repetir o percurso de bicicleta pelo meio de cedros, plátanos, pinheiros, azevinhos e medronheiros. Quando conseguimos, voltamos sempre aos lugares onde fomos felizes.

sábado, novembro 11, 2006

Rumo ao Norte: Vidago



O projecto de requalificação é da autoria de Siza Vieira. Esperemos que ele saiba manter a alma romântica do sítio e a relação da casa com as árvores em volta.

Rumo ao Norte: Vidago


O Vidago Palace Hotel encerra para obras de requalificação dia 12 de Novembro e só volta a abrir portas daqui por 2 anos. Fui lá despedir-me.

terça-feira, novembro 07, 2006

Rumo ao Norte: Vidago

Foi por causa destas árvores que rumei ao Norte.
Penso muitas vezes nelas; penso agora nelas, na chuva que neste instante (certamente) se desaba sobre as suas folhas, verdes, amarelas e avermelhadas.

Rumo ao Norte: Vila Real




Casa de Mateus e Sé de Vila Real (em baixo)
*
Há muito que queria ir à Casa de Mateus. Como explicar isto? Quando se viaja, é frequente encontrar sítios inesperados, que nos surpreendem. Mas entrar finalmente numa realidade que até ali só era conhecida por muito nos depararmos com ela num livro ou no ecrã de um computador, é outra coisa, é o que fascina muitos viajantes. Basta atentarmos no exemplo dos museus: é à volta dos quadros mais reproduzidos que vemos mais gente a acotovelar-se, não é que esses quadros sejam melhores do que outros menos conhecidos, é porque naquele momento aquele quadro até ali longínquo e inacessível torna-se real, está ali, concreto, diante de nós. Pisar as pedras em Mateus, passear ao longo do seu espelho de água, tocar o cedro centenário, foi para mim ultrapassar (finalmente) a sensação de lonjura que sempre me provocaram as fotografias da Casa impressas num volume de História da Arte Portuguesa que para ali tenho guardado. Foi desvendar um mito.

Rumo ao Norte: Peso da Régua

Aqui estamos em pleno Douro vinhateiro. Espero muito voltar a fazer este percurso que tanto me impressionou: entre Sabrosa e o Pinhão e dali, junto ao rio, até Peso da Régua. O Orlando Ribeiro explicava a natureza do povo português de acordo com o espaço geográfico onde este se insere. Sempre achei esta hipótese pouco plausível mas ver aqueles socalcos fez-me compreender a tenacidade das gentes do Norte de uma maneira diferente.

Rumo ao Norte: Lamego


Esta terra tem magia. Talvez seja do musgo, talvez seja do fumo dos assadores de castanhas nesta altura do ano, do Escadório da N.ª Sr.ª dos Remédios. Ou talvez seja da bôla, uma delícia.

Rumo ao Norte: Viseu

Adro da Sé, Viseu
*
Quem quiser ver um corropio de gente e de carros, é abeirar-se num domingo de manhã ao Adro da Sé, em Viseu. Famílias inteiras, aprumadas nas suas roupas engomadas chegam, partem, comentam aqui e ali que "o chenhor padre hoije falou que foi um regalo" ou "achjeita o bestido, Cárina". Enfim, uma ternura de gente, repartindo-se ora pela missa da Sé, ora pela da Igreja da Misericórdia, mesmo em frente.
Por mim, decidi-me pelo Museu Grão Vasco (que há muito tinha curiosidade em visitar), instalado mesmo ao lado da Sé, no Paço dos Três Escalões. Quando saímos da visita ao museu, as missas já tinham terminado e o adro quase deserto, já nem parecia o mesmo "debem ter ido almoçar", pensei; e muito bem fizemos em seguir-lhes os passos.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Rumo ao Norte: Figueiró dos Vinhos

Igreja Matriz de Figueiró dos Vinhos
*
Aos domingos de manhã, a mãe entrava de rompante no nosso quarto de meninas, puxava com energia as persianas até ao cimo, lá fora, chuva e frio, os cobertores pelas orelhas, resmungávamos "só mais um bocadinho" mas sempre em vão pois aquelas mãos frias de tanque e lixívia eram implacáveis, destapavam-nos, obrigavam-nos a entrar na banheira, onde nos esfregavam à vez, a mim e à minha irmã Carla, cada uma tiritando de frio para seu lado, o sabonete a arder-nos nos olhos. Eram ainda essas mãos que nos vestiam as camisolas de lã grossa (algumas picavam no pescoço), nos desenriçavam os nós nas pontas dos cabelos, as mesmas mãos que tínhamos de agarrar, em passo de corrida, para não ficarmos para trás, a caminho da missa, quantas vezes com os sapatos domingueiros a roerem-nos os pés. O que as nossas pequenas cabeças nunca perceberam foi para que raio era toda aquela lufa-lufa se depois o tempo parava durante uma interminável hora. Valia-nos a imaginação, pois enquanto os nossos corpos oscilavam entre o ajoelhado, o em pé e o sentado, esta ora corria atrás da pequena ovelha da imagem do São João Baptista menino (padroeiro de Figueiró) ora mergulhava na água translúcida que o pintor Malhoa tão bem soube captar no retábulo da Capela Mor, representando o baptismo de Cristo, provavelmente o quadro que mais longamente observei até hoje.

segunda-feira, outubro 16, 2006

The Pillow Man




Foi por um triz que não falhei esta peça no renovado Teatro Maria Matos mas tudo acabou em bem graças a alguém que desistiu da sua reserva, no último dia de exibição, e me possibilitou tomar o seu lugar, não obstante este ficar mesmo atrás do teenager mais guelhudo da sala. Valeu-me a contaminação cinematográfica da encenação portuguesa (obrigada Tiago Guedes) que fez com que grande parte da peça se passasse numa espécie de ecrã, elevando assim o palco acima da linha do olhar.
No post anterior queixava-me desta tendência, espécie de "air du temps" no mundo das artes para a descrença, a angústia, a solidão, os ambientes "urbano-depressivos". Sobretudo no teatro, chega a ser asfixiante pois as peças de "novos" dramaturgos que tenho visto são quase todas deprimentos, uma gargalhada amarga aqui e ali e sai-se com a sensação de alguém nos ter dado um murro no estômago (basta pensar em nomes como Sarah Kane, Jon Fosse ou Harold Pinter). The Pillow Man de Martin McDonagh insere-se nesta propensão embora de forma consciente. Sentimos isso porque toda a diegése problematiza e luta para o final feliz e mesmo as pequenas histórias que se vão contando têm finais tão trágicos (uma tragicidade religiosa, apiedada) que chegam a ser ridículos. Pensemos na história da menina que queria ser Jesus (e que acaba cruxificada, claro está), na história da criança surda a passear numa linha de comboio (sendo surda não ouvia o comboio aproximar-se) ou na história da criança a quem são dados a engolir bonequinhos feitos de maçã com lâminas dentro. Tudo num género "história de embalar de faca e alguidar".
O fascinante nesta peça é que não se percebe bem qual é o tema pois fala-se de muita coisa, tornando inúmeras as possibilidades de interpretação. Todas as críticas que li antes de ir ver a peça destacavam coisas diferentes, de tal modo que cada crítica parecia incidir sobre uma peça diferente. Eu própria tive dificuldade em explicar a um amigo do que tratava, acho que só vendo e interpretando cada pessoa poderá dizer do que trata (para si) The Pillow Man. Compreendi isto mais profundamente quando o personagem principal, o escritor Katurian, interrogado sobre qual a mensagem das suas histórias, responde que elas não querem dizer absolutamente nada, são apenas histórias e contá-las é o que interessa a um escritor. O que Katurian virá a descobrir é que, embora sem intenção, as suas histórias (a maioria delas, relatando infanticídios) têm inevitavelmente os seus efeitos (perversos) nas pessoas, nomeadamente no seu irmão. Mesmo uma história sem intenção de transmitir seja o que for, acaba por ter um efeito a partir do momento em que alguém a lê e a interpreta de acordo com o seu universo pessoal. Merecerá o escritor ser julgado por esse efeito? Ou será que o lado nocivo de uma história está apenas no lado da interpretação?
De algum modo, é também sobre a individualidade que esta peça fala na medida em que uma história apenas adquire sentido(s) quando é individualmente interpretada. Sintomático deste alicerce é a shortstory que é contada sobre um porquinho especial: o porquinho verde vivia orgulhoso da sua diferença no meio dos outros porquinhos rosados. Por ser diferente, alguém invejoso o pintou com uma tinta côr-de-rosa que não saía nem quando se lavava. Assim, o porquinho verde ficou igual aos outros porquinhos rosados. Acontece que certo dia, choveu tinta verde, daquela que não sai nem quando se lava e todos os porquinhos ficaram verdes, à excepção do nosso porquinho cuja tinta côr-de-rosa não saía nem podia ser lavada. O porquinho côr-de-rosa conseguiu assim permanecer diferente, no meio dos outros porquinhos verdes.
No outro dia, o António Torrado (escritor português de livros para crianças) falava na televisão sobre a capacidade que as histórias infantis têm para exorcizar o medo. Isto faz todo o sentido, sobretudo se pensarmos na brutalidade contida nas nossas histórias infantis e que nem por isso nos traumatizaram (pelo contrário, ajudaram-nos a crescer): ele é o lobo mau que come a avozinha, ele é o "atirei o pau ao gato mas o gato não morreu", ele é o Barba Azul mais as suas mulheres mortas, todo um uiverso que permite (segundo o António Torrado e eu concordo) materializar na ficção o medo que todas as crianças sentem. The Pillow Man é uma dessas histórias destinadas a todos os adultos que ainda não perderam o medo e querem continuar a crescer. Através das histórias de embalar que ouvimos nesta peça, exorcizamos os nossos medos de gente grande, entre os quais, o medo de ser diferente.

domingo, outubro 15, 2006

Lady in the water de M. Night Shyamalan

O homem merece ser salvo?
*
Gosto de filmes assim, filmes (epopeicos) que nos fazem voltar a acreditar na grandiosidade do ser humano, na possibilidade do conto de fadas acontecer no sítio mais comezinho, com as pessoas mais banais, impondo-se contra a vida snob, pessimista e previsível. Não é à toa que, neste filme, o único personagem a merecer morrer é também o mais enfastiado com a vida e com a arte, um crítico de cinema preso na convicção de já nada ser capaz de lhe ensinar alguma coisa, preso no cânone e no estereótipo, os quais afinal acabam por o surpreender da forma mais cruel, matando-o. No meio desta atmosfera artística tão descrente, é redentor vermos emergir um filme assim, fazendo-nos acreditar que todas as pessoas, por mais (a)normais ou estranhas que aparentem ser, são na verdade portadoras de um sentido imprevisível até para elas próprias, uma missão longe dos estereótipos e contra a maldade do mundo. É de novo a possibilidade renascentista do homem como Deus, imortal, do homem que merece ser salvo.
*
É também esta crença no ser humano que me faz gostar da poesia de Jorge de Sena. Convoco aqui um excerto de um dos poemas dele que mais gosto, chama-se "A Morte, o Espaço, a Eternidade" e foi escrito em 1/4/1961, sábado de aleluia (dia da ressurreição de Cristo):
+
"De morte natural nunca ninguém morreu.
Não foi para morrer que nós nascemos,
não foi para a morte que dos tempos
chega até nós esse murmúrio calvo,
inconsolado, uivante, estertorado,
desde que anfíbios viemos a uma praia
e quadrumanos nos erguemos. Não.
Não foi para morrermos que falámos,
que descobrimos a ternura e o fogo,
e a pintura, a escrita, a doce música.
Não foi para morrer que nós sonhámos
ser imortais, ter alma, reviver,
ou que sonhámos deuses que por nós
fossem mais imortais que sonharíamos.
Não foi. Quando aceitamos como natural,
dentro da ordem das coisas ou dos anjos,
o inomável fim da nossa carne; quando
ante ele nos curvamos como se ele fôra
inescapável fome de infinito; quando
vontade o imaginamos de outros deuses
que são rostos de um só; quando que a dor
é um erro humano a que na dor nos damos
porque de nós se perde algo nos outros, vamos
traindo essa ascensão, essa vitória, isto
que é ser-se humano, passo a passo, mais."
(...)

sábado, outubro 14, 2006

Royal Academy of Arts, (ainda as saudades de Londres)

quarta-feira, outubro 11, 2006



O metro de Londres faz-me lembrar a casa da toupeira de uns desenhos animados que via quando era criança e que adorava. Percorrê-los é entrar num universo de aventuras e brincadeiras, para o qual até uns ratitos que vi a passearem-se pelas linhas, dão a sua contribuição (felizmente não vi nenhuma ratazana, senão o caso mudava de figura).



Mercado em Brick Lane, uma espécie de Feira da Ladra lá do sítio onde é possível encontrar de tudo um pouco, desde televisões roubadas, antiguidades, roupas, frutas e até uma Convenção Anual de Tatuagem, à porta da qual serpenteava uma grande fila de gente unida pelo facto de todos esconderem (ou não) no mínimo uma tatuagem em alguma parte do seu corpo.

terça-feira, outubro 10, 2006


O London Eye, diz o meu Guia é "uma espantosa proeza de engenharia, esta roda-gigante panorâmica é a mais alta do mundo e oferece uma vista fascinante da cidade." Foi bastante divertido este "voo" sobre Londres e até nem tivemos de esperar muito tempo (o truque é ir cedo, já que as filas costumam ter tempos médios de 2 horas de espera). Embarcámos numa destas cabinas com uma família de chineses e já se está mesmo a ver (ouvir) a nossa banda sonora: clic, clic, flash, flash (para um leitor de BD, isto deve ser suficientemente ilustrativo).
Fiquei a modos com o coração nas mãos por causa do patife deste miúdo (digamos que do outro lado das grades, é o rio). Londres às vezes parecia-me um palco enorme onde todos procuravam exibir as suas habilidades, nas ruas, no metro, há sempre alguém que se expõe de uma maneira que nos capta a atenção.
Uma árvore no Hide Park não deveria ser motivo de admiração, mas gostei particularmente desta, talvez por a ter notado ao entardecer.

sábado, outubro 07, 2006


Amanhã há mais...
Esta foto podia ter sido tirada em qualquer lado, mas a verdade é que, tal como as anteriores, diz respeito à cidade da rainha e dos muffins.

O Buckingham Palace, ao fundo da avenida Pall Mall.