domingo, novembro 19, 2006

Como o Cinema era Belo

The Ghost and Mrs. Muir de Joseph L. Mankiewicz (O Fantasma Apaixonado, na tradução portuguesa) é um dos filmes que passa neste ciclo de cinema na Gulbenkian. Sobre ele, escreveu Bénard da Costa:
"Não há filme mais triste. Não há filme mais bonito. Deixem-me ficar ao pé da mulher que nasceu tarde de mais para atravessar os sete mares e para ver o sol da meia-noite. Deixem-me ficar ao pé do capitão que morreu cedo de mais para a poder beijar ou para poder deitar-se com ela. Ou deixem-me acreditar que não há cedo nem tarde e que o único amor que existe- é o amor surreal, esse que Rex Harrison e Gene Tierney encontram no final, quando desaparecem na névoa, atravessada a última porta."
É certo que uma obra de arte vale por si, não necessita de metalinguagens para nada. Mas Bénard da Costa consegue sempre acrescentar qualquer coisa, algo que vem consolidar o nosso amor por determinado filme. Há uma afectividade contida, emocionada, nas críticas que faz aos filmes que nos dá a conhecer. Bénard da Costa fala de alguns filmes usando do mesmo tipo de ternura que eu usaria para falar do gato Pirolito que me morreu na infância ou da nespereira que o meu pai plantou em criança. Os filmes são marcos na sua vida: "(...) fui buscar a mais bela, esse The Ghost and Mrs. Muir de Joseph L. Mankiewicz, que me persegue desde que o vi, ainda não tinha 13 anos, até que o revi, nesta mesma Gulbenkian, ainda não tinha 45 anos e nunca mais pensei que nestes últimos 25 anos o fosse rever tanto e tanto até quase o saber de cór." Talvez não seja abusivo dizer que os filmes são a sua vida.