segunda-feira, agosto 28, 2006

Autobiografia

(gravura de Günter Grass; a faceta de artista plástico)
O que mais quero reter de toda esta história do Günter Grass ter andado uma vida toda a pôr a Alemanha diante do seu passado nazi e depois escrever na sua Autobiografia que quando tinha 17 anos pertenceu às SS, anda muito longe do questionamento da validade da sua obra que esta revelação veio pôr à prova.
O que quero reter é sobretudo o que Günter Grass entende que deve existir numa autobiografia para que esta se revele necessária. Diz ele, como polémico que assume ser, que quando alguém decide escrever uma autobiografia, tem obrigatoriamente de se expor, nem que seja parcialmente, porque se isto não acontecer está-se a fazer uma espécie de auto-celebração.
Digo mais um pouquinho: a "taxa de bazófia" que tanto nos caracteriza diminuiria se cada um de nós, de cada vez que falasse de si, tivesse de revelar um pouco das suas fraquezas.
(isto tudo porque me irritou um "pintas" que ouvi ainda há instantes a gabarolar-se)