terça-feira, agosto 22, 2006

Miami Vice (Michael Mann)


Pensei que Miami Vice fosse um filme de porrada, com gajos latinos montados nas suas altas máquinas (descapotáveis, motos, lanchas, aviões a jacto), grandes mansões, muito neon, muito gel naqueles cabelos. Afinal encontrei mais do que isso.
Guardei um filme em que o espaço é também personagem; e sobretudo um filme cujo ritmo depende mais das relações amorosas (é nelas que está o pathos) e menos da "caça aos maus". Um filme em que o amor e o ciúme não são mencionados, são pressentidos em discretos olhos com lágrimas, de Isabella enquanto faz amor com Sonny e de José Yero, enquanto observa Isabella e Sonny a dançar, adivinhando entre os dois algo mais sério do que um encontro casual.
No essencial, a espontaneidade com que as relações se vão construindo à nossa frente, sem embelezamentos forçados; a intimidade mostrada sem enfeites na forma natural com que duas pessoas que se amam partilham o chuveiro. Só temos a certeza daquilo que já desconfiávamos (que Sonny e Isabella se amam) quando os vemos entrar juntos no chuveiro, tal como já havíamos visto Trubbs e Trudy.
Gostei.