domingo, agosto 20, 2006

Craigie Horsfield na Gulbenkian


'The work I make is intimate in scale but its ambition is, uncomfortable as I find it, towards an epic dimension, to describe the history of our century, and the centuries beyond, the seething extent of the human condition."
Craigie Horsfield

Neste domingo soalheiro, fui até ao CAMJAP/Fund. Calouste Gulbenkian onde até Setembro estará patente a exposição "Relation", que reúne 35 anos de trabalho do fotógrafo inglês Craigie Horsfield.
Há nas suas fotografias um magnetismo de pintura clássica, uma aura de História e de epopeia; encontrei esse magnetismo nas poses das pessoas fotografadas, no claro-escuro das fotos a preto e branco (geralmente de grandes dimensões), na associação imediata das fotografias que compôem "Irresponsible Drawings" aos bodegons (ou naturezas-mortas) do período barroco.
De Craigie Horsfield vim a descobrir algumas coisas, entre as quais o seu interesse pelas relações que se estabelecem entre as pessoas. É, aliás, o respeito por essas relações que o leva a estabelecer estratégias prévias de aproximação (embora discretas e naturais) com os ambientes a fotografar, donde advém que tanto os objectos, como as paisagens como sobretudo as pessoas das suas fotos pareçam encerrar interioridades misteriosas e densas. Talvez por isso, assim que vi a foto acima reproduzida ( e as outras, da mesma série) vieram-me à ideia os nossos "Painéis de São Vicente", cujo grande encanto reside precisamente na carga expressiva e individualizante dos retratados.
Depois da exposição (cuja entrada aos domingos é gratuíta), fomo-nos esparramar na relva dos jardins, que estão mesmo muito bonitos, com muitos patos destemidos por ali à solta, sem medo algum das pessoas, impondo os seus grasnares, a água a afirmar-se mais no espaço, com um caudal que não me lembro de ter observado tão forte da última vez que ali estive, os cafés muito aprazíveis, sobretudo o situado no edifício do Museu, com a sua esplanada rente à relva (pena fecharem tão cedo...)