domingo, agosto 20, 2006

Basta Café-Jardim


Às vezes penso que a Lisboa que me é mostrada não é a Lisboa que realmente existe. Há uma Lisboa privada, uma cidade por dentro da cidade, a Lisboa dos pátios interiores. Pressinto-os nas verduras que galgam os muros, vislumbro-os entre portões mal fechados e algumas vezes mais afortunadas, tenho o prazer de os desfrutar. Foi o que me aconteceu hoje em que tive o prazer de descobrir o Basta Café Jardim, no n.º 175 da Rua Dona Estefânia.
Um livro, uma boa companhia, chá servido em louça branca Spal, torradas com manteiga e compota ... depois foi só entardecer juntamente com as árvores do pátio (algumas com troncos difíceis de abraçar), sentada na varanda em ferro estilo Arte Nova, costas voltadas para as salas de tectos altos onde o espaço deste Bar-Restaurante se prolonga. E foi um espírito do séc. XIX, um espírito romântico que se apoderou de mim nesta tarde, que me fez pousar a Brasileira de Prazins, percorrer aquelas salas forradas a madeira escura e a veludo enramalhado para soltar os dedos num piano que por ali encontrei (à porta das casas-de-banho!), eu que nem sei que nota vem a seguir ao Ré.
Vou querer voltar.